Na vida, somos forçados a escolher continuamente. Quando optamos por algo, temos que renunciar outras coisas.
Como os recursos disponíveis são escassos, somente se pode satisfazer uma necessidade se se deixa de satisfazer outra. Não há recursos materiais, trabalho ou capital suficientes para produzir tudo que as pessoas desejam. Por isso, é necessário escolher entre as diferentes opções que se apresentam.
Esse problema é enfrentado pelos governos, famílias e empresas.
Quando decidem gastar ou produzir, governos, famílias ou empresas estão renunciando a outras possibilidades. A opção que se deve abandonar para poder produzir ou obter outra coisa se associa, em economia, ao conceito de Custo de Oportunidade (CO).
Em outras palavras, de acordo com Vasconcellos, Toneto Junior e Sakurai (2015), intuitivamente o custo de oportunidade pode ser entendido como o benefício gerado por aquilo do qual se abre mão ao se realizar uma escolha. Justamente por isso, o custo de oportunidade também é chamado “custo implícito” ou “custo alternativo”. Suponha, por exemplo, que um indivíduo pode escolher consumir um bem X ou um bem Y e opta pelo Y. Como abdicou do consumo do X, o benefício gerado por esse bem representa o custo de oportunidade por ter optado por Y. Naturalmente, estamos assumindo que o benefício gerado por Y é maior do que o gerado por X, caso contrário, ele teria optado por X. De qualquer modo, o conceito de custo de oportunidade reflete a ideia de que toda escolha envolve uma renúncia, que deve ser considerada nas decisões de todos os agentes, sejam eles produtores ou consumidores.
O custo de oportunidade de um bem ou serviço é a quantidade de outros bens ou serviços que se deve renunciar para obtê-lo.
Outro conceito complementar ao CO é o Trade-off, que define uma situação de escolha conflitante, ou seja, quando uma ação para a solução de um problema acarreta inevitavelmente outros.
A visão de Vasconcellos (2014) é interessante para complementar esse tema. O autor faz a seguinte reflexão:
A economia parte do princípio de que os recursos são escassos diante do conjunto de necessidades que tentamos satisfazer, que é sempre crescente. Sendo assim, como esta ciência poderia ajudar a sociedade a escolher os melhores usos para esses recursos?
A resposta é que o papel da economia é mostrar-nos quais são os custos e benefícios associados a cada escolha. Ou seja, poderíamos afirmar que a chamada abordagem econômica não é outra coisa senão uma análise de custo-benefício aplicada às decisões da sociedade.
Assim, se uma empresa decidir se deve ou não lançar um produto novo, deverá avaliar quais serão os custos adicionais associados a este projeto, porto que precisará contratar mão de obra, comprar mais insumos, mais matérias-primas, etc. (VASCONCELLOS, 2014). Além disso, a empresa deverá garantir que seu proprietário receba pelo menos o rendimento equivalente à melhor aplicação que poderia realizar com seus recursos financeiros que estaria investido no lançamento desse produto novo. Ou seja, além dos custos explícitos anteriores, a empresa deverá incluir como despesa, ainda que implícita, o custo de oportunidade de seu acionista.
Além disso, ainda de acordo com Vasconcellos (2014), também será importante estimar o aumento de receitas (benefícios) que as vendas desse produto significarão para a empresa. Assim, se os custos superam os benefícios adicionais, sua decisão deverá ser não lançar o produto e vice-versa se a relação custo-benefício for positiva. Esse tipo de análise configura o que se chama de análise de viabilidade econômica de um projeto, uma das principais aplicações práticas da abordagem de custo-benefício que caracteriza a ciência econômica.
Contudo, a utilização da abordagem custo-benefício não tem por que ficar restrita às decisões econômicas individuais (microeconômicas), e também pode ser usada para analisar a conveniência de realizar uma determinada política macroeconômica. Assim, por exemplo, o aumento das transferências de renda (Bolsa Escola, Bolsa Família, aumentos reais do salário mínimo, benefícios da previdência social) praticado durante os governos Fernando Henrique e Lula ajudou a reduzir a desigualdade da distribuição de renda brasileira, uma das mais perversas do mundo.
Isso certamente poderia ser considerado um benefício para a sociedade brasileira tanto em termos éticos como no tocante à estabilidade política e social. Todavia, essas transferências fazem parte do gasto do governo, o que leva o setor público a aumentar impostos e a se endividar para poder financiá-las. O aumento dos impostos reduz a capacidade de compra das famílias, inclusive no campo daquelas que recebem as transferências, e o maior endividamento público diminui o crédito disponível para famílias e empresas, elevando a taxa de juros, e se constituindo em importantes custos para a sociedade.
Em síntese, qualquer decisão, seja ela individual (microeconômica) ou coletiva (macroeconômica), implicará custos e benefícios para a sociedade, independentemente de se esses últimos serão maiores que os primeiros e vice-versa (VASCONCELLOS, 2014). Como afirmou certa vez Milton Friedman, famoso economista norte-americano, “em economia não existe almoço grátis”.
Nesta aula estudamos sobre a necessidade de escolha e o custo de oportunidade. Para complementar o seu aprendizado assista a esse vídeo.
Aula Concluída
Você chegou ao fim dessa aula com sucesso!
Selecione o botão avançar para seguir para a próxima aula.